Somente mais uma bofetada e uma imposição...

Vi trecho de dois textos no blog da Ana do Mundo Paralelo que caiu como luva e tomei a liberdade de copia-los.

Então, de repente, sem pretender,

respirou fundo e pensou que era bom viver.

Mesmo que as partidas doessem, e

que a cada dia fosse necessário adotar uma

nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a

inútil no dia seguinte — mesmo assim era

bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda

assim era bom. Tinha quase certeza.”

(Limite Branco – Caio Fernando Abreu)

Hoje foi somente mais das vezes nas quais você me deu uma bofetada na cara com suas palavras medíocres, hoje foi somente mais uma vez que você joga em minha cara que te decepcionei muito ou melhor que seus dois filhos te decepcionam muito, hoje foi somente mais uma vez que você impôs a sua autoridade, e falando aos quatro cantos desta casa que aqui não se faz isso porque a casa é sua, que aqui não entramos com aquilo porque  a merda da casa é sua.

Hoje fiz igual no trecho acima respirei fundo e pensei que ainda era bom viver, o por quê? Não sei, mas sei que se fosse em outras eras já tinha posto um fim nisso tudo, não sou covarde, acontece que não aguento mais as imposições desse ser que biologicamente é meu pai. Hoje foi mais um dia em que fui como tantos trabalhar a pé estava com uma sandalinha não muito alta, porém a dita comeu meu pé em cima onde passa a correia e deixou em carne viva e agora nem chinelo consigo por, cheguei em casa com uma decisão que ia tirar carta de moto e ia comprar uma Honda Lead 110, mostrei a motinha para minha mãe e ela achou uma gracinha, fora que é econômica, iria pagar nela uns R$200,00 por mês, mais uns R$50,00 de gasolina, isso não pesaria no meu orçamento, eu economizaria sapato, machucados entre outras coisas que me acontecem todos os dias, ai que vem o senhor da verdade, o todo poderoso que na porra da casa dele não se pode fazer nada e me diz: "- pode tirar da cabeça em comprar moto, aqui nesta casa não entra moto, na minha garagem não quero moto". Eu falei que tudo bem, então me da um carro porque não aguento mais andar a pé, e eu disse mais que guardava a moto na vizinha não ia ter problema algum, ai ele veio com o tal papo para eu deixar de ser queixo duro com ele, que ele já teve decepção demais comigo, alias com os dois filhos (ele enfatizou isso), que a maioria dos pais perdem seus filhos nessa idade por permitirem andarem de moto (com coisa que eu não que ele andava de moto quando era menor), que ele prefere perder os filhos de velhice ou sei o que lá, mas não por ter que tirar eu debaixo de um caminhão. Agora eu me pergunto um cara que só pensa nele, que somente sabe dizer que somos a decepção da vida dele, para que quer os filhos vivos até a velhice? Acho que é para não perder a diversão dele, de nos humilhar, de se gabar que ainda dependemos do teto dele para morar, pois não recebemos o suficiente para termos nossa própria casa.

Sabe gente a motinho seria somente um investimento e algo que temporariamente iria me facilitar muito a vida, poderia pagar de boa, porque carro esta fora dos meus planos no momento, pois imagina uma pessoa que ganha R$1.200 por mês, não tenho um puto para dar de entrada e pagar R$700,00 de um carro ou ate mesmo que seja R$500,00 por mês não dá, porque ai como fica o restante, seguro, documentos, gasolina e fora que quero voltar a estudar, pois somente estudando vou poder brigar na empresa por um salário melhor.

Sinceramente estou cansada, cansada das mesmas palavras, das mesmas ofensas e de me calar para não fazer minha mãe sofrer mais do que ela vem sofrendo, gostaria de ganhar na mega-sena, não precisaria se tudo somente o suficiente para poder ter o necessário para viver e também tirar minha mãe dessa prisão.

O trecho abaixo também tirado lá do blog da Aninha, cai bem... Não quero lembrar o quão humano esse ser que é meu pai, já foi tão humano, solidário com o próximo, me doí saber que ele não voltará ser assim. Sinto saudade de ter orgulho de você, ter você como meu herói e meu exemplo. Tudo poderia ser diferente.

“− Não quero lembrar. Faz mal lembrar das coisas que se foram e não voltam. (...)Não sinto raiva, não sinto nada. Sinto saudade, de vez em quando. Quando penso que podia ter sido diferente.”(Onde andará Dulce Veiga – Caio Fernando Abreu)